Fabula de la sirena y los borrachos - Pablo Neruda
Fábula da Sereia e os Bêbados
Todos estes senhores estavam lá dentro
quando ela entrou completamente nua
eles haviam bebido e começaram a cuspir sobre ela
ela não entendia nada, recém saída do rio
era uma sereia que havia se extraviado
os insultos corriam sobre sua carne lisa
a imundície cobriu seus peitos de ouro
ela não sabia chorar, por isso não chorava
não sabia vestir-se, por isso não se vestia
tatuaram-na com cigarros e tições
e riam até cair no chão da taverna
ela não falava porque não sabia falar
seus olhos tinham a cor de um amor distante
seus braços feitos de topázios gêmeos
seus lábios se cortaram na luz do coral
rápida ela saiu por essa porta
bastou entrar no riu e estava limpa
reluziu como uma pedra branca na chuva
e sem olhar para trás nadou de novo
nadou para nunca mais para morrer
Versão de Eduardo Miranda. Do livro "Estravagario".
OBS.: Não conheço a fonte da imagem.
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