Pablo Neruda - Poema 15
Poema 15
Gosto quando te calas porque pareces ausente
e me ouves de tão longe, e minha voz não te toca.
Parece que teus olhos fugiram de ti
e parece que um beijo cerrou tua boca
Como todas as coisas estão cheias da minha alma
emerges das coisas, cheia de alma minha.
Borboleta do sonho, te pareces com minha alma
e te pareces com a palavra melancolia.
Gosto quando te calas e pareces ausente.
E pareces te queixar, cantiga de mariposa.
E me ouves de tão longe, e minha voz não te alcança:
Deixe que me cale com o teu silêncio.
Deixe que eu te fale, também, com teu silêncio
claro como uma lâmpada, simples como um anel.
És como a noite, calada e estrelada.
Teu silêncio é de estrela, tão longínquo e tão ingênuo.
Gosto quando te calas porque pareces ausente.
Distante e dolorosa como se tivesses morrido.
Uma palavra, então, um sorriso, bastam.
E estou alegre, alegre por não ter certeza disso.
Versão: Eduardo Miranda. Do Livro "Vinte Poemas de Amor e um Canção Desesperada".
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